segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Missa termina em bate boca após Padre pedir votos à candidatos em Itinga

O abuso do poder religioso, é equiparado pela lei eleitoral a outras formas de abuso de poder, quais sejam, o econômico, o político, o ideológico, o da informação e o da autoridade, e sujeito a aplicação das mesmas normas de repressão para as demais formas já previstas.



Uma confusão foi formada antes mesmo do final da celebração de uma Missa realizada na tarde deste domingo (25) na Igreja Matriz, localizada no Largo do Caranguejo em Itinga devido à questões políticas que chocaram todos os fiéis antes mesmo da bênção final.

Segundo informações de vários fieis que faziam parte da Missa, tudo começou após o Padre Dimas, ter proclamado à todos que votassem nos representantes da Igreja Católica, à exemplo do candidato à prefeitura de Lauro de Freitas, Mateus Reis (PSDB), e do candidato à vereador Rosalvo (REDE). 

Insatisfeito com o ato do Padre, o candidato Elmo Almeida (PSD), teria se rebelado diante do pedido de apoio. Uma outra representante de um candidato a vereador do bairro também se exaltou e chegou a tomar o microfone do grupo de canto para protestar mas, foi contida pelos participantes.

Ainda de acordo com membros da Igreja Matriz, não foi a primeira vez que esse tipo de pedido de voto foi feito naquele espaço. A Missa realizada neste domingo, teria se tornado um grande bate boca segundo os fiéis que saíram surpresos e insatisfeitos com todo o ocorrido.




Abuso de poder religioso é crime eleitoral
Vale ressaltar que é proibida por lei a propaganda eleitoral dentro de templos religiosos (artigo 37, parágrafo 4º da Lei 9.504 de 1997).


Quando o assunto é abuso do poder, tema tão caro e imprescindível à democracia e à liberdade do voto, temos um cenário novo para discutir: o abuso do poder religioso e o assédio moral aos fiéis, que tem agitado a reflexão da sociedade sobre a necessidade de revisão da legislação eleitoral vigente. 

Já são conhecidas algumas formas de abuso de poder, quais sejam, o econômico, o político, o ideológico, o da informação e o da autoridade. Mas o poder religioso é novidade das mais recentes eleições. Não só porque passa por cima das leis humanas e das leis de Deus, mas devidos aos meios e artifícios utilizados pelas lideranças políticas, tudo com o indigesto aval das lideranças religiosas.

As condutas vão desde o registro de números de candidaturas de fácil vinculação com números bíblicos, arregimentação de discípulos de células como cabos eleitorais, pedidos de votos na porta das igrejas até os apelos mais emocionais possíveis no altar, durante os cultos de celebração, com uma suposta base equivocada na Palavra de Deus.

É certo que a religião tem o seu poder positivo, de transformar pessoas que buscam cura na alma, estimulando comportamentos que colaboram com a paz na sociedade. É igualmente imprescindível o seu papel de conscientização social, orientando os fiéis na escolha de candidatos que possam contribuir com o aperfeiçoamento da sociedade.

Como em qualquer outro local, o ambiente religioso é também construído socialmente e o cristão, onde quer que esteja atuando deve atuar em conformidade com os preceitos bíblicos. Isso vale para o lar, para os amigos, para a profissão e para a política.

Agora, inaceitável que, como as demais formas espúrias de poder e dominação, o poder religioso venha a atrair aqueles que queiram transformá-lo em um trampolim político, merecendo tal conduta não só a repressão legal da justiça eleitoral, como a repressão interna das autoridades religiosas.

Se é verdade que por meio das eleições os cristãos, católicos ou evangélicos almejam uma mobilização que faça revigorar valores perdidos na sociedade, cuja ausência tem culminado com o aumento da violência, também se pode afirmar que esses mesmos cristãos devem ser exemplo a partir de seus atos políticos, seguindo o caminho mais correto possível.

Nessas eleições, encontram-se dois casos paradigmáticos sobre a ética cristã. O primeiro caso ocorre quando um candidato, sendo evangélico, abre mão de utilizar essa situação para a disputa, deixando a liberdade de escolha aos fiéis que conhecem seus planos e programas de trabalho. O segundo caso ocorre quando outro candidato faz justamente o contrário, usando argumento de ser evangélico para arregimentar os eleitores por meio de práticas totalmente desaconselhadas pela Bíblia.

Na segunda hipótese, fica mais do que configurado o abuso do poder religioso, o que, ante o silêncio da lei eleitoral nesta parte, autoriza a aplicação das mesmas normas de repressão para as demais formas já previstas.


Fonte: Lauro News Online

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